Pois querem que eu fique calado diante do que sinto
E que guarde dentro da cueca o tesão do meu pinto
Sou poeta escritor e escritores poetas não sabem calar
Falam muito, falam até morrer, morrem de tanto falar.
Querem que eu fique surdo feito a tijolos de barro
E que fique mudo diante dos pontapés e do escarro
Mas eu ainda mordo e ainda sei dar e tomar porrada
Ainda morro e ainda corro junto com a cachorrada.
Pois querem-me preso, leso, maquiado de carmim
Mas escapo ileso e malcriado, cheirando a alecrim
E quando percebem estou dando pontapés nos bagos
Que não tenho medo da sorte, da morte e de estragos.
E querem que eu chore, que implore, que ajoelhe e reze
Mas perdão é defeito, e ajoelhar não é jeito que se preze
E por fim querem mesmo é que eu seja poeta, um tonto
Enquanto ganham lucros, a curto prazo e sem desconto.
06/12/2013

Do Livro:
“Troco Poesia Por Dinamite“
Editor’A Barata Artesanal, 2014
Barata, nascido Luiz Carlos, no dia do Anti-Natal do ano da Graça do nascimento de Bruce Dickinson, Madonna, Michael Jackson, Cazuza e Tim Burton, é poeta, romancista, ensaista e contista, além de produtor de eventos e artista plástico. Cresceu escutando Beatles, Black Sabbath, Rush e Pink Floyd. Participou da geração mimeógrafo nos anos 1970, mas quando chegaram os filhos deixou de ser poeta e foi tentar ser homem, o que no entender de Bukowski é bem mais difícil. Trabalhou como office-boy, bancário e projetista de brinquedos. Apesar de ter escrito milhares de textos nunca ganhou um prêmio literário. Foi apaixonado por Janis Joplin, Grace Slick e Patti Smith; casou quatro vezes e Atualmente procura pagar as contas trabalhando com criação de sites, edição e diagramação de livros e arte digital.