Queria escrever um poema falando das flores e da criança
Sobre quanto acredito no poder de amores e na esperança
E falar sobre a felicidade, jogos simples e sobre brinquedos
Queria falar sobre a coragem e fé, mas tenho meus medos.
Minha verve é maldita, talvez, e não conheço senão a tristeza
E se a poesia é minha alma, sua fealdade não permite beleza
Mas nem alma acredito, e espíritos apenas de carne de porco
E decerto não há nada ao que eu possa agradecer um pouco.
Queria mesmo usar palavras bonitas, falar de anjos e deusas
Mas ao pensar em anjos lembro de belas bundas lisas e tesas
E nas outras em orgias homéricas no Paraíso e vinho amargo
Sou perverso, acredito, e as marcas do mal comigo eu trago.
Não, não quero falar sobre bondade, beleza e cheiros doces
Quero dar murros nas cabeças de idiotas, tratar aos coices
A parte boa de mim é má e meu lado pueril é cheio de rugas
E se tenho que falar de algo, será sobre os ratos e as pulgas.
05/02/2015

Do Livro:
“Troco Poesia Por Dinamite“
Editor’A Barata Artesanal, 2014
Barata, nascido Luiz Carlos, no dia do Anti-Natal do ano da Graça do nascimento de Bruce Dickinson, Madonna, Michael Jackson, Cazuza e Tim Burton, é poeta, romancista, ensaista e contista, além de produtor de eventos e artista plástico. Cresceu escutando Beatles, Black Sabbath, Rush e Pink Floyd. Participou da geração mimeógrafo nos anos 1970, mas quando chegaram os filhos deixou de ser poeta e foi tentar ser homem, o que no entender de Bukowski é bem mais difícil. Trabalhou como office-boy, bancário e projetista de brinquedos. Apesar de ter escrito milhares de textos nunca ganhou um prêmio literário. Foi apaixonado por Janis Joplin, Grace Slick e Patti Smith; casou quatro vezes e Atualmente procura pagar as contas trabalhando com criação de sites, edição e diagramação de livros e arte digital.